Não sei se tenho algo a falar hoje, mas certamente estou com vontade de escrever. O que para muitos, e não pouco instruídos e inteligentes, é algo terrível sempre foi uma constante em minha vida e está muito difícil de aceitar novamente. A sensação da solidão. Não é a falta de amigos embora eles tenham se afastado é, isso sim, muitos anos depois do esperado a falta de uma mulher, de uma companheira, de uma namorada. Estranho isso. Acho que não adianta procurar mesmo. Se eu não achar eu acho que consigo sobreviver. Parece ser uma tendência ser solteiro hoje em dia. Não seria nem um pouco interessante, maaas é a vida.
Enquanto isso como esperado o corpo e a mente mudaram substancialmente. Não sei porque, mas mesmo com a minha disposição no zero ultimamente eu estou menos receoso do futuro e mais seguro. Trabalhar é necessário e será providenciado desde que eu vá atrás, já namorar anda sendo difícil e eu ainda não resolvi meus problemas. Eu readquiri minha confiança, mas fui apartado de certas coisas que faziam sentido pra mim. Muita gente diria que isso é infantil, mas o fato é que minha adolescência foi arrancada de mim violentamente. Tanto melhor se era necessário
Me resta saber se a vida adulta vai trazer tanto sexo e paranoias Perder os pais é uma ideia que venho matutando na minha cabeça e me acostumando como um mantra. Dia após dia tento colocar em minha cabeça como as cantigas infantis ou uma reza, mais como um mantra que minha vida irá mudar de forma radical. Na verdade eu já sinto minha vida mudando ou se não mudou (como de fato ela não mudou radicalmente nos confortos), mas eu me sinto mais distante do mundo e dos interesses, menos afeito a explosões de alegria e efusões de tristeza. Na verdade as crises de tristeza estão sarando e estou retornando ao meu equilíbrio. Antes ser cético e lembrara como foram duros os anos de solidão, mas como eles me deram força para que eu me bastasse, mas isso seria verificar apenas parte do problema. Enquanto amigos estão vivendo uma fase áurea da vida eu estou tentando sobreviver e recolher os restos do atraso da minha estadia demorada e longa de uma felicidade que eu preciso curar os males.
Se antes eu me culpava por não estudar hoje em dia eu me culpo por não ter calculado os anos e vivido de acordo com uma escala ou uma cartilha de princípios de desenvolvimento humano. De não ter seguido ás fases e ter-me tornado consciente da minha mediocridade e insignificância minimizando o prolongamento de fases duras. O sono é uma grande arma contra tais problemas e ele faz passar o tempo que ainda me sobra neste mundo. Para os meus pais eu estou ainda em uma boa fase de vida e posso construir o meu futuro. Sinceramente eu acho que o trabalho tem dado sentido ao meu existir (o quão plebeu isso pode ser é ultrajante diante de alguém que já foi tão orgulhoso das próprias faculdades mentais e tinha certeza de ser o rei do mundo. Não passo de uma sombra do que fui aos meus 18 anos).
Uma fase muito importante da minha vida foi fechada com muitas lágrimas e melancolia e o medo de que na minha velhice eu não possa sustentar boas memórias e pedir para o fim da chama da minha vida me faz assustar. Eu ainda tenho forças e o tempo me mepurra para seguir em frente. Já pensei várias vezes em suicídio por achar que minha vida estava toda errada e que minha maturidade estava aquém dos outros. me sinto menos que medíocre me sinto impotente diante de tantos problemas inclusive o meu peso. Foram tantas feridas que acho que eu trocaria minha felicidade plena nos primeiros anos de faculdade por uma felicidade parcial, mas olhos vigilantes para os problemas. teria evitado tanta melancolia.
Na “juventude” tudo parece cor-de-rosa, mas agora eu lembrei de muitas neuroses, de muitos problemas, inseguranças e etc, mas isso me dá forças para continuar sem esperar um milagre, um dia cor-de-rosa. O que me falta é a convicção de que seja uma pessoa útil ou que possa ser amado. As duas neuroses mais egoístas do ser humano. Até porque na adolescência eu não namorei: eu compensei uma infância reservada e resolvi construir em cima da minha timidez uma certa segurança, me apoiei em outras pessoas e só quando virei os meus vinte anos me estabeleci em plena segurança.
Tudo isso foi questionado e meu desenvolvimento foi posto em xeque assim como minha certeza de que tinha algo de especial que poderia me diferenciar do resto da humanidade e criar minha identidade. Pior ainda é depois de ter plena certeza de quem eu sou saber que eu não sou diferente de ninguém, saber como a vida é efêmera em tal idade e pressupor que a velhice me trará a pior das dores e talvez eu não aguente a sensação de morte, a solidão, a doença, a falta de expectativas financeiras. Saber que o mundo está girando, se tornando um lugar pior para se viver e a deterioração no mercado de trabalho me fazem ter menos felicidade sobre o que está sendo colocado diante de mim, mas para quem experimentou o fundo do poço as coisas parecem razoáveis em certa medida.
A falta de tempo para si não tem sido um problema. Eu tenho conseguido, com o trabalho, ficar mais centrado em mim e esquecido os outros. Talvez este recalque seja interessante para criar resistência e resiliência, viver o mundo com cores menos fortes e, por conseguinte, diante da indiferença acreditar num mundo melhor. Afinal, a frase de Schopenhauer que dizia que a vida, quanto mais ela passa mais nos damos conta de que não passava de uma piada de mal gosto parece verdadeira. Ao mesmo tempo eu já me formei, não tenho mais expectativas, agora o que me parece é que a sobrevivência e o restabelecimento como ser humano parecem a minha perspectiva de vida.
Uma perspectiva boa, talvez, para quem não tinha mais esperanças de futuro faz alguns meses atrás. Isso não significa que acredite na felicidade. Não significa que irá tomar uma decisão radical, que vá fazer algo da minha vida. Meus dezoito anos passaram e meu corpo me diz que não há esperanças de eu emagrecer ou eu mesmo tenho sabotado meu regime. para alguém que há 7 anos atrás só evoluía estar se levantando e recuperando uma força perdida e tendo certeza que ela é apenas parcial é difícil mesmo viver, imagine sustentar projetos. Aos 25 anos isso é tão medíocre, tão fora do comum em um sentido ruim que me sinto péssimo. Sempre me senti deslocado com relação à muitas coisas: talvez porque fosse menos que uma pessoa normal. Não sei dizer, mas isso é autocomiseração e é tão detestável quanto ignorância, mas no caso eu me sinto impotente. Qualquer desequilíbrio vai tirar meu chão e a vida parece cinza, solitária, o tempo parece passar em espasmos e o que me faz sentir pior é que o sexo (que nunca teve um papel tão importante na minha vida) está se revelando uma obsessão porque , assim como a maioria das pessoas -; não dos meu amigos que tem namoradas – ele é a úncia coisa que faz as relações terem sentido.
Será possível que não querer voltar ao antes, estar insatisfeito com o hoje e ter poucas esperanças para o futuro é melhor do que a profunda melancolia e falta de rumo de antes? Estou tomando consciência das coisas ou apenas sabotando minha vontade de me afirmar por medo de ser mal e ruim com os outros e me decepcionar? Fica difícil saber tbm como agir para ser feliz porque se eu tive dois anos de plena felicidade eu tive dois anos do mais pleno sofrimento. Esse peso me assombra, essa melancolia ataca meu fígado e a morte ronda esta casa. Isso porque tenho 25 anos e me sinto velho..